terça-feira, 31 de janeiro de 2012

As histórias da minha avó!




Boa noite!

É as férias estão chegando quase ao fim, que peninha...
Mas, navegar é preciso, e é muito melhor do que ficar “morgando”!

Vamos lá!
Hoje à tarde estava eu conversando com a minha mãe, tomando aquele cafezinho e relembrando as boas e velhas histórias do passado, e que histórias maravilhosas, muitas saudades mesmo.
Minha infância foi muito legal, e me lembro sempre dela com saudades. Saudades das histórias que a minha avó Antonia contava para mim, muitas delas recheadas com suas frases feitas “espanholadas”, com seus palavrões e suas “pragas” rogadas aos quatro ventos!
E hoje relembrando estas histórias com a minha mãe, afinal a dona Antonia era a mãe dela, me veio, mesmo sem querer querendo, uma das histórias que ela sempre contava para mim na minha infância, e pra falar a verdade eu até já tinha escrito esta postagem, mas, a anta que vos fala, não salvou o documento e tudo se perdeu, coisa do além deve ser!
Bom, voltando ao assunto, a história que vou narrar pra vocês, já foi contada de diversas maneiras e versões, mas, minha avó tinha uma maneira peculiar de contá-la para os netos dela, com seu fundo moralizante de praxe e pra variar eu que não era flor que se cheira, e ainda hoje não é diferente, mas, deixa pra lá... Vou tentar contar a história pra vocês!

A história a seguir se chama:

“A mentira e a boneca de arroz”

Era uma vez duas crianças filhas de um casal de lavradores muito pobres, seus nomes eram (pra variar) João e Maria.
Maria era uma menina meiga e obediente e seu irmão João... Ah João este era o cão chupando manga... Desobediente, mentiroso, bagunceiro, brigão... mas, era muito bonitinho!
Seus pais trabalhavam duro na fazenda, na lavoura, nos campos e os dois pequenos infantes ficavam em casa, brincando com seus brinquedos rudimentares feitos pelos seus pais, afinal, eram pessoas pobres e naquela época, brinquedos eram regalias de crianças ricas e abastadas e que na maioria das vezes moravam nas cidades grandes, enquanto os pobres que moravam nos campos, digo pobres, não os latifundiários desgraçados que moram em luxuosos apartamentos e mansões e tem as suas terras apenas por uma questão de luxos e caprichos...
Voltando ao assunto, quero dizer à história, a família era pobre, porém distinta e honesta, com seus princípios e honra, sempre servindo de bom exemplo para seus filhos e referencial de caráter, mas, sempre tem que ter um, e neste caso, o “um” era o nosso herói, o João.
João era da pá virada (até lembra alguém!) e não deixava por menos, sempre aprontando e ficando de castigo, já a Maria, esta não dava trabalho nenhum para seus pais, sempre carinhosa e prestativa com seus pais, seu irmão, seus brinquedos... Além de ser uma excelente aluna, bem diferente do nosso trastezinho querido!
O aniversário de João estava próximo, mas, era de costume, até mesmo para economizar dinheiro, fazer uma só festa de aniversário para os dois filhos e João pra variar, odiava a idéia, pois, sempre tinha que esperar a irmã completar anos, para que sua festa, tão esperada acontecesse, não tanto por ela, a festa, mas, pelos presentes que seu pai fazia.
Chegou o grande dia, a festa de aniversário e a entrega dos presentes e também o início desta saga...
Festa, bolo, suco de frutas, as velinhas e os presentes...
Nosso herói ganhou do pai um presente muito legal, um pião, feito de madeira de lei, peroba rosa, com fieira e acima de tudo, feito pelas mãos habilidosas de seu pai, seu herói.
Maria a princesinha da casa, ganhou da sua mamãe um presente muito especial, uma boneca feita de retalhos de flanela e com um enchimento muito especial, um enchimento de arroz... “a boneca de arroz” ou Princesinha, como ela carinhosamente a chamou.
Como já era de se esperar, João logo pegou seu brinquedo e foi desfrutar de seu pequeno tesouro no terreiro e lá ficou por muitas horas até que aconteceu uma tragédia, seu pião querido, aquele feito por seu pai, se perdeu numa “quiçaça” de mato, num espinheiro terrível, sem ter a menor condição de ser recuperado, e ele desolado foi até sua casa e sentado na soleira, avistou sua “amada” irmã, que brincava com suas bonecas e em especial, a bonequinha de arroz feita pela sua madre querida.
Ficou enfurecido e se sentindo injustiçado, seqüestrou a pobre da boneca e a enterrou maldosamente no fundo do quintal, perto do chiqueiro...
E voltando para casa, ainda com as mãos sujas da terra e da maldade, viu sua irmã a chorar copiosamente e mui cinicamente, foi interpelar sua irmã:
- Por que choras vadia?
Ela chorando muito responde:
- Minha bonequinha querida sumiu! Tenho certeza que quando fui à casinha
(antigo sanitário da época) a deixei na minha cama, com sua cobertinha, sua chupeta, seus brinquedos e mimos... E quando cheguei ela havia sumido...
A maldade falava mais alto no coração de João, que não se conteve e soltou à máxima:
- Bem feito!
Sua irmã chorou muito e o tempo passou e passou...
E para todos que o questionavam sobre a bonequinha de arroz, João sempre respondia com desdém:
- Eu dizia para ela tomar cuidado com as coisas, mas, ela nunca me ouvia...
Como eu disse, o tempo passou...
Um dia a mãe deles foi cuidar dos porcos e se deparou com uma cena tétrica, a boneca espetada num bago de arroz, com os braços abertos, tal qual uma crucificação e logo a pegou nas mãos e a levou para sua casa.
Lá chegando reuniu a família e com a voz serena perguntou:
-Quem mentiu para mim?
João ficou de um jeito que a sua cara logo o entregou, e seu castigo foi terrível, uma surra daquelas e nada de presentes no seu aniversário, além de ter que pedir desculpas à sua irmã...
Como disse anteriormente minha avó sempre contava as suas histórias com um fundo “extra” de moralidade e de “espanholadas” e de pragas soltas aos quatro ventos, muito divertidas por sinal, e terminou esta história da seguinte maneira:
- Sempre diga a verdade, por pior que ela seja, senão a vida lhe dá uma surra de seiscentos demônios! VERDUGO!

A parte dos demônios... não dá para parar de rir com isto!

A MINHA VÓ E AS SUAS HISTÓRIAS...

Um comentário:

SÃO PAULO

SÃO PAULO
A SELVA DE PEDRA

Impressionante!!!

Impressionante!!!
Tudo realmente é possível...

Coincidência? Ou...

Coincidência? Ou...
Um capricho da natureza????